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domingo, 5 de setembro de 2010

O que se desperdiça
Frutas e Frutos 
Banana 40% 
Morango 40% 
Melancia 30% 
Abacate 26% 
Manga 25% 
Laranja 22% 
Mamão 21% 
Abacaxi 20% 
Hortaliças
Couve-flor 50% 
Alface 45% 
Repolho 35% 
Fonte: Centro de Agroindústria de Alimentos da Embrapa

Descuido nos centros de venda
O dia mal amanheceu e o chão já está sujo. É alto o risco de tropeçar em restos de comida no Centro Estadual de Abastecimento do Distrito Federal, a Ceasa. A partir das 4h30, produtores de frutas e hortaliças dividem o espaço de distribuição de alimentos para pôr seus produtos à venda. Em menos de duas horas, o chão da Ceasa está colorido de tomates amassados, laranjas caídas, folhas de couve-flor espalhadas por todo o centro. O descuido na hora de manusear os alimentos é explícito. Segundo pesquisa do Centro de Agroindústria de Alimentos da Embrapa, 30% de todo o desperdício de comida no país ocorre nesses espaços de vendas no atacado.
São centenas de caminhões carregados de alimentos. Em um deles, dois funcionários sobem e pisam nos sacos de batatas para esvaziar a carroceria. Mal se percebe que aquele alimento corre sérios riscos de ficar amassado por causa do jeito grosseiro de tratá-lo. Nos galpões de venda livre — são três —, a couve-flor é espalhada pelo chão para ser vendida. Parece lixo despejado, mas é comida e, segundo os vendedores, não há outra alternativa para expô-la. A média de desperdício da couve-flor, segundo o levantamento da Embrapa, é de 50%. O mais alto entre as hortaliças. Vendo-se a maneira como são jogadas pelo chão, o motivo é claríssimo.
Doação
Diariamente, o produtor Luiz Kitahara, 58 anos, vende verduras e sofre com as folhas que vão ficando ao léu porque sabe que não conseguirá mais vendê-las. Ao fim da manhã, a parte de baixo do balcão de Kitahara está cheia de restos de alface, couve, agrião, cheiro-verde. ‘‘É triste ver ir para o lixo aquilo que eu plantei’’, diz.
O diretor de abastecimento da secretaria de Agricultura do DF, José Henrique Máximo, conta que, mesmo com os problemas visíveis, o índice de perdas de alimentos na Ceasa caiu muito. Existem no centro dois programas criados para evitar que frutas e verduras acabem no lixo: Desperdício Zero e Minha Sopa. No primeiro, funcionários da Ceasa recolhem os alimentos não vendidos e os separam para doação a entidades cadastradas. No Minha Sopa, os alimentos que não têm como ser doados, por terem partes muito danificadas, servem para fazer comida já pronta. ‘‘Orientamos sempre os produtores a nunca jogar comida fora, qualquer que seja, porque vamos aproveitá-la de alguma maneira’’, conta.
Os produtores até se lembram de não jogar no lixo o que não vendem, mas se esquecem de cuidar dos alimentos para que eles sejam mais bem aproveitados no comércio. As bananas chegam empilhadas em caixas de madeira. Vêm verdes, com a casca ainda dura, porém frágeis diante da agressão do transporte e manuseio. As caixas retangulares quase nunca conseguem deixar os frutos intactos. Elas amassam os que estão em cima. Arranham e mancham os guardados nos cantos. E o consumidor, lá no mercado, olhará a banana manchada e machucada e a deixará na gôndola, esperando a hora de ir para o lixo. (MCD)
 
Briga para pegar as frutas no lixo

Desempregados transformam sobras da Ceasa em fonte de renda. Geralmente, a maior parte dos alimentos

Diariamente, Francisco das Chagas do Nascimento, 39 anos, chega com um carrinho de feira para catar limões e laranjas no lixo. Os restos são fonte de renda para o desempregado. Ele revende as frutas no Parque da Barragem, em Águas Lindas. Por um saco de 200 limões, cobra R$ 4. ‘‘Pego do lixo e vendo porque estou doente do coração e preciso comprar remédio’’, explica-se, com vergonha de estar ali no meio daquelas trinta pessoas brigando para conseguir frutas boas no meio do lixo.
 
As laranjas e limões são jogados fora diariamente pelos funcionários da Comercial Mendes, empresa que tem um galpão na Central de Abastecimento para venda de frutas e hortaliças e outro no Setor de Indústria para processamento de laranjas e limões. As frutas que o consumidor não compra no dia vão para um contêiner na rua.
São cerca de duas toneladas de frutas dispensadas todos os dias. Por volta das 17h, as pessoas que se alimentam ou revendem aqueles restos estão a postos para pegar as frutas. ‘‘O que vejo hoje é que as pessoas que catam do lixo têm nível social melhor do que há 20 anos. Antes, só os miseráveis comiam esses restos. Agora eu vejo pessoas mais bem vestidas, que estão ali com muita vergonha’’, conta Roberto Martins Goulart, gerente comercial da empresa. A grande maioria dos alimentos dispensados vão para o lixo com qualidade, porém pequenos, manchados ou murchos demais para agradar ao consumidor.
 
Bom samaritano
O comerciante de alimentos no Brasil não está habituado a doar a comida que não vende. Teme ser responsabilizado por qualquer problema de saúde que possa surgir em quem se alimentou daquela sobra. Um projeto de lei em discussão na Câmara dos Deputados propõe mudar isso. A idéia do Bom Samaritano, apelido dado ao projeto, é isentar o doador de responsabilidade civil ou penal se alguém adoecer ou morrer por causa do alimento doado.
 
O deputado Sigmaringa Seixas (PT-DF) é o relator do projeto na Comissão de Constituição e Justiça. ‘‘Queremos incentivar o doador de boa-fé’’, diz. ‘‘Como o projeto é antigo e mexe com legislação civil, penal e do consumidor, é preciso revisá-lo com atenção.’’ O governo federal está pressionando o deputado a acelerar o andamento do processo para reforçar o programa Fome Zero.
 
O combate ao desperdício de alimentos é um dos dois principais objetivos do Fome Zero. O Ministério de Segurança Alimentar (Mesa) está incluindo no Plano Plurianual de 2004 a previsão orçamentária para executar uma ação voltada especificamente ao fim das perdas de alimentos. O dinheiro para o projeto ainda não foi definido.
 
Em 2000, o município de Santo André, São Paulo, inaugurou um projeto que é hoje copiado nacionalmente pelo Fome Zero. O Banco de Alimentos, uma idéia norte-americana, se propõe a distribuir para os mais pobres a comida que é rejeitada pelos compradores de supermercados e varejões. Além de Santo André, que foi a primeira cidade latino-americana a criar o programa, o banco funciona nos municípios de Recife (PE), São Paulo e Natal (RN), e está em fase de instalação em outras 15 cidades. ‘‘Estamos também estimulando as Ceasas de todo o Brasil para que elas criem bancos de alimentos nos seus arredores’’, diz Sergio Paganini, secretário de programas de Segurança Alimentar do Mesa. (Maria Clarice Dias)
Aproveite os restos
O Serviço Social da Indústria de São Paulo (Sesi-SP) desenvolveu o programa Alimente-se Bem com R$ 1, que oferece cursos gratuitos sobre como aproveitar alimentos ricos e nutritivos que são jogados fora. Conheça duas receitas:

 






Bolo de Casca de Banana

Valor Calórico da porção: 224,68 Kcal
Rendimento: 20 porções
Tempo de preparo: 1h10min

Ingredientes
Massa: Casca de banana 4 unidades
Ovo 2 unidades
Leite 2 xícaras (chá)
Margarina 2 colheres (sopa)
Açúcar 3 xícaras (chá)
Farinha de rosca 3 xícaras (chá)
Fermento em pó 1 colher (sopa)
Cobertura: Açúcar ¨ 1/2 xícara (chá)
Água 1 1/2 xícara (chá)
Banana 4 unidades
Limão 1/2 unidade

Como fazer 
Lave as bananas e descasque. Separe 4 xícaras de casca para fazer a massa. Bata as claras em neve e reserve na geladeira. Bata no liquidificador as gemas, o leite, a margarina, o açúcar e as cascas de banana. Despeje a mistura numa vasilha e acrescente a farinha de rosca. Mexa bem. Por último, misture delicadamente as claras em neve e o fermento. Despeje em uma assadeira untada com margarina e farinha. Leve ao forno médio pré-aquecido por 40 minutos. Para a cobertura, queime o açúcar em uma panela e junte a água, fazendo um caramelo. Acrescente as bananas cortadas em rodelas e o suco de limão. Cozinhe. Cubra o bolo ainda quente.
 
Dica: Banana é rica em potássio.






Bolinho de Vegetais

Valor Calórico da porção: 169,84 Kcal
Rendimento: 5 porções
Tempo de preparo: 30 min

Ingredientes
Cascas de chuchu, de cenoura e de berinjela 3 xícaras (chá)
Talos de agrião e salsa 1/2 xícara (chá)
Cebola ralada 1/2 xícara (chá)
Alho 1 dente
Óleo de fritar 2 colheres (sopa)
Farinha de trigo 4 colheres (sopa)
Leite 1/2 xícara (chá)
Água 1/2 xícara (chá)
Arroz cozido 1 xícara (chá)
Farinha de rosca 1/2 xícara (chá)
Óleo de fritar 1 xícara (chá)

Como fazer
Lave bem as cascas de legumes e talos de hortaliças, pique-os e reserve. Refogue a cebola e o alho no óleo. Junte as cascas e os talos e, se necessário, 1/2 xícara (chá) de água. Refogue até ficarem macios. À parte, dissolva a farinha de trigo no leite e na água e junte ao refogado. Cozinhe, mexendo sempre, até desprender do fundo da panela. Desligue o fogo e misture o arroz cozido. Modele bolinhas, passe pela farinha de rosca e frite em óleo quente.
 
Dica: Esta preparação é rica em fibras. 
Comida jogada fora

O país de 46 milhões de famintos perde cerca de 35% de todas as frutas e verduras que produz. Estudos da Embrapa mostram que o custo do alimento não aproveitado é alto

Os índices de desperdício de alimentos no Brasil, um país com 46 milhões de famintos, batem recordes mundiais. Estudo realizado pela Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa) no Centro de Agroindústria de Alimentos mostra que o brasileiro joga fora mais do que aquilo que come. Em hortaliças, por exemplo, o total anual de desperdício é de 37 quilos por habitante. Dados recentes do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) mostram que, nas dez maiores capitais do Brasil, o cidadão consome 35 quilos de alimentos ao ano — dois a menos do que o total que joga no lixo. ‘‘Num país com tantos famintos como é o Brasil, esse desperdício é inadmissível’’, avalia o químico industrial e responsável pela pesquisa, Antônio Gomes.
O trabalho de Gomes e outros estudos brasileiros evidenciam que a média de desperdício de alimentos no Brasil está entre 30% e 40%. Nos Estados Unidos, esse índice não chega a 10%. Não há estudos conclusivos que determinem o desperdício nas casas e nos restaurantes, mas estima-se que a perda no setor de refeições coletivas chegue a 15% e, nas nossas cozinhas, a 20%.
A perda de alimentos, na maioria das vezes, ocorre por despreparo das pessoas do ramo da agroindústria e dos consumidores. Na hora da colheita, a uva é arremessada lá do alto da parreira para o chão, sem amortecedor. No transporte, as bananas vêm amassadas pelas caixas de madeira empilhadas umas sobre as outras. Nos centros atacadistas, os abacaxis que vieram amontoados nos caminhões continuam amassados no balcões de venda.
Nos mercados, os consumidores (em especial as mulheres) amassam a cebola com as mãos, enfiam a unha no chuchu e quebram a ponta da vagem para checar se o produto tem qualidade. Se o alimento não agradar à exigente compradora, o destino da cebola, do chuchu ou da vagem é o lixo. Ninguém vai querer uma comida amassada ou quebrada.
Do total de desperdício no país, 10% ocorrem durante a colheita; 50% no manuseio e transporte dos alimentos; 30% nas centrais de abastecimento; e os últimos 10% ficam diluídos entre supermercados e consumidores.
Há cálculos que escancaram o prejuízo social do descuido com a comida. Em 2002, por exemplo, a safra de hortaliças foi de 15,743 milhões de toneladas, que valem em torno de US$ 2.564 milhões. Considerando a perda média de 35% desses alimentos, estima-se que mais de 5,5 milhões de toneladas deixaram de alimentar os brasileiros. Para a sociedade, um prejuízo de US$ 887 milhões. Esse desperdício ajudaria a matar a fome de 53 milhões de pessoas no Brasil.
Perda maior
Quem paga a conta do desperdício é o consumidor. Um grupo de pesquisadores da Embrapa Hortaliças, com sede no Distrito Federal, dedicou-se a colocar na ponta do lápis o valor do desperdício que é repassado do vendedor de varejo ao comprador final. Os técnicos fizeram visitas semanais a quatro supermercados da mesma rede varejista do DF durante o ano de 1999 e estudaram o repasse no preço final do tomate, do pimentão e da cenoura. Os resultados estão prontos para serem publicados na revista Ciência e Tecnologia, da Embrapa.
O caso do tomate é o mais grave. A perda média do fruto, conforme o levantamento da Embrapa Hortaliças, foi de 30%. Durante o ano da pesquisa, o fornecedor recebeu o tomate por R$ 0,94 o quilo; os consumidores pagaram R$ 1,50. O vendedor, além do lucro e dos custos de produção, cobrou cerca de R$ 0,28 por quilo ao comprador para compensar a perda com os alimentos que ele não conseguiu vender porque ficaram estragados desde a colheita. As médias de repasse para o pimentão e cenoura foram de 40% e 21%, respectivamente.
Alimentos
Problemas : má distribuição, desnutrição, obesidade, desperdício e agrotóxicos

Porque não desperdiçar é importante para combater a fome 

Benefícios do alimento orgânico para o meio ambiente e sua saúde
Frutas
O mundo produz diariamente comida em quantidade suficiente para alimentar toda a população do planeta, no entanto
a fome mata uma pessoa a cada 3,5 segundos no mundo por não ter acesso a ela. Segundo o Relatório Mundial Sobre a Fome 2006 da ONU, estima-se que existam hoje 854 milhões de pessoas subnutridas no mundo. O documento revela que 300 milhões de crianças passam fome no mundo e 25 mil pessoas morrem por dia de má nutrição ou doenças associadas ao problema.

Em outro extremo também preocupante, existe no mundo mais de 1 bilhão de adultos com sobrepeso e 300 milhões com obesidade, segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS). A obesidade é fator de risco para problemas cardiovasculares, de diabetes, hipertensão arterial e certos tipos de câncer.
Além do agravante do sedentarismo, crianças, adolescentes e adultos são bombardeados por propagandas de alimentos pouco nutritivos e com excesso de açúcar, sal, calorias, gorduras saturadas (sobretudo de origem animal) e gorduras trans.
Índices nacionais de consumo alimentar (IBGE) apontam uma elevada ingestão de açúcar, gordura e sal pela população, além de um baixo consumo de frutas, legumes e hortaliças. A obesidade vem crescendo mais rapidamente na faixa mais pobre da população.

A gordura saturada aumenta o colesterol ruim.
A gordura trans além de aumentar as taxas do colesterol ruim (LDL), diminui as do colesterol bom (HDL) e facilita o depósito de tecido adiposo no abdômen.
A gordura trans é muito comum em alimentos industrializados para melhorar a consistência e aumentar o prazo de validade.
Ela é um tipo específico de gordura formada por um processo de hidrogenação. Pode ser encontrada em biscoitos, salgadinhos de pacote, sorvetes, pastelarias, bolos, entre outros alimentos preparados com gorduras hidrogenadas.
A leitura dos rótulos dos alimentos permite verificar quais alimentos são ou não ricos em gorduras trans. Não se deve consumir mais de 2 gramas de gordura trans por dia, o que equivale a aproximadamente uma colher de sopa de margarina.
Saiba mais no sit
O Brasil é um dos principais produtores de alimentos do planeta. O país desperdiça anualmente R$12 bilhões em alimentos que poderiam alimentar 30 milhões de pessoas carentes. O Programa Fome Zero do governo Lula pretende atingir 44 milhões de pessoas.
Perto de 44% do que é plantado se perde na produção, distribuição e comercialização : 20% na colheita, 8% no transporte e armazenamento, 15% na indústria de processamento e 1% no varejo. Com mais 20% de perdas no processamento culinário e hábitos alimentares, as perdas totalizam 64% em toda cadeia, conforme dados da revista Veja número 1749.
Evitando o desperdício, haverá mais alimentos à disposição no mercado e os preços sofrerão redução para todos. É a lei da oferta e da procura.
Uma importante iniciativa contra o desperdício é o Mesa Brasil SESC, um programa de segurança alimentar e nutricional sustentável, que redistribui alimentos excedentes próprios para o consumo ou sem valor comercial. O programa é uma ponte que busca onde sobra e entrega onde falta, contribuindo para diminuir o abismo da desigualdade social no país. O CEAGESP também mantém um programa de repasse de alimentos para instituições sociais.
Comer menos carne é uma forma de colaborar com a natureza e diminuir a fome.
A produção de proteína de origem animal requer muito mais solo, água e energia do que a produção de grãos e outros vegetais.
A pecuária bovina é a maior responsável pelo desmatamento no Brasil. 
A produção de suínos e aves consome grande parte da produção dos grãos do país. Cerca de 70% do milho produzido no mundo vira ração. Dados da Embrapa apontam que o abate da suinocultura industrial em 2004 no Brasil foi de 26 milhões de cabeças.
A suinocultura, muito praticada na região sul, é considerada uma atividade com grande potencial poluidor. Um porco produz dejetos equivalentes ao de 8 seres humanos. O lançamento indiscriminado de dejetos não tratados em rios, lagos e no solo vem contribuindo para a degradação do meio ambiente.